quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Prosa de dois Amigos


Prosa de dois amigos

A rapaz a quanto tempo
Eu quase que te esquecia
Uma amizade de infância
Que a muito eu não via

Como vai a comadre
Como ta o compadre
E Joãozinho
E Maria

Tem visto a vizinha
Eita Mulher bonita
Igual aquela
Por lá não se via

Já faz tanto tempo
Que a minha mente vazia
Das coisas da nossa terra
Já nem se lembraria

Como é bom olhar você
Amigo de toda hora
Do roçado a pescaria
Do futebol a cachaçaria

Mais me diga meu velho amigo
Já casou?
E a nossa terra distante
Que um dia nos abrigou

Que vento bom passou por lá?
Que noticia boa você me traz?
A cidade cresceu?
E você onde se meteu?

Caro amigo te respondo já!
Primeiramente te dou um abraço
Que é pra a saudade aplacar
E do meu peito a tristeza saltar

Segundamente passo a narrar
Os acontecimentos de lá
O sol não nos deixou
E a seca a muito nos assolou

O gado coitadinho
Só tem pele e osso
A seca ta tão grande
Que a ultima gota d`água

Do solo a muito já levou
Só restando um torresmo
Onde um dia a chuvarada
Água boa ali depositou

Até as lagrimas de Rosinha
A fonte já secou
Ao invés de rola água dos olhos dela
Gotinha de sangue escorregou

Vou te falar do teu compadre
Que de saúde até vai bem
Mas do seu roçado que pena
Nem palma se deu bem

A comadre a lamentar
Olhando pro céu a desejar
Uma nuvem fininha
Em sua oração a suplicar

Que o bondoso Pai celestial
E a virgem Maria
Suas orações
Viesse escutar

São ladainhas , são lamentos
Das beatas a rogar
Que chova logo
Pro sofrimento acabar

Que o roçado fique verde
Pra o milho quebrar
Com feijão e a mandioca
E a mesa afartar

Com o gado todo gordinho
E muito leite para tomar
Cana de açúcar, mel de engenho.
E a rapadura adocicar

Sem essas coisas meu amigo
É difícil lhe falar
Coisas boas do meu sertão
Pra você se alegrar

No entanto caro amigo
Resta algo para compartilhar
A coragem do sertanejo
Para a seca enfrentar
                                
Somos fortes, somo guerreiros.
Somos madeira difícil de entortar
Não é a falta d água, nem de comida.
Que há de nos derrotar

Com a fé do sertanejo
Uma enxada e um poço para cavar
Viveremos em nosso lar
Com as gotas que o Senhor nos reservar,

Despeço-me do caro colega
Pois tem muito que caminhar
Pro meu sertão acolhedor
Tenho pressa de voltar

Minha casinha de sapé
E rosinha a me esperar
João  e Maria no terreno
Ansioso para me reencontrar

Que pena que o amigo
A muito saiu de lá
Perdeu suas raízes
E vive preso sem cantar.